domingo, 19 de dezembro de 2010

Solita no mas


Só, só, só de dá dó
Sozinho, sozinho
Um passarinho caído do ninho

Alone, all by myself
Solita no mas

Caminhando, trilhando, circulando
sem voltar
Indo pra frente, sem pensar e olhar pra trás

Só, só solitude
Só quietude
Menos a interna

Por dentro é rojão, é explosão
É renovação, é volição

Só, só, só de dá dó
Sozinha por fora
Mas por dentro
desatando o nó.

Maggie Bee

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A bicicletaria





Cinco homens.

Chão de cimento queimado pintado de verde.

Cheiro de homem suado misturado com borracha e com graxa.

Bicicletas velhas por todos os lados - na frente, ao lado, em cima.

Câmeras magrelas nas paredes amontoadas, tristes e abandonadas.

Cinco homens, uma mulher e um menino.

_Dez minuto pá consertá, vai embora ou vai esperá?

Duas cadeiras de bar que mais pareciam escorregadores.

Dois homens, duas mulheres e um menino.

_Vim pegá a... a... vermelha e branca.

Pagou. Levou a bicicleta cor de ferro, que da cor original não tinha nada, assim como quase todas as outras.

Oito homens, uma mulher um menino e uma moto.

A bicicleta foi mutilada, operada e um milagre - voltou a ser nova!

_ Só tre real!

Oito homens e o sonho de muitos meninos.

Maggie Bee






quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sobre a mentira


Sobre a mentira
Ou seria sobre a tirania?
Quem está mais errado o mentiroso ou o opressor?
O mentiroso mente.
E o opressor?
Oprime e força à mentira
Força a ser enganado.
O que é pior?

Maggie Bee

domingo, 21 de novembro de 2010

Latifúndio

Desapropriei a tristeza

Latifundiária aqui dentro

Redistribuí-me todinha

Em vários outros segmentos


Pro senhor Amor, lote do Coração

Lote da alma, pra dona Felicidade

No meu rosto mora o senhor Sorriso

Na minha mente Respeito e Amizade


Iniciaram o plantio

Puseram-se a semear

E donde tudo era seco

Voltou a brotar.

Maggie Bee

quarta-feira, 10 de novembro de 2010


Ele era um preto moreno
Na verdade um preto mulato
Um preto meio claro
Bem longe de um preto preto
Preto azul, sabe?
Era meio que tingido de branco
( ou tingido de preto?)
Mas preto era não,
Era negro.
Ah sim, era negro...
Outro termo não seria politicamente correto!

À perfeição


Venho por meio desta encerrar meu contrato com a perfeição. Cansei, pois seu preço era um peso muito grande sobre meus dois ombros.
Cansei de tentar ser sempre bonita, agradável, engraçada, ecologicamente correta. sensível, bem humorada, afável, bem vestida, asseada...
Seus termos estavam muito altos e você nunca se dava por satisfeita.

Desde já agradeço, vá para o inferno ou tente arrumar outra trouxa que queira viver sob suas expectativas impossíveis de se alcançar.

Sem mais nada, só eu

Maggie Bee

domingo, 7 de novembro de 2010

Talvez


Talvez... se eu fosse menos apaixonada

Talvez... se me importasse menos com as coisas que me envolvo e que me envolvem

Talvez... se eu valorizasse menos

Talvez...

Talvez tivesse mais amigos,

Talvez não me estressasse tanto.

Talvez amar fosse mais leve,

Talvez não fosse muito cedo,

Ou tarde demais.

Talvez...

Mature Fruit


I’m a sensitive person but I hardly show it.

Sometimes the words jump out of my mouth and I just can’t hold them.

I like the sound of the pouring rain during the night and the singing birds in the morning.

I love my son’s laugh and my mother’s food.

For me, love at first sight is beautiful, but I’ve learned it’s not the only one. True love can be built.

From my father I took the bad temper and the apparent distraction; from my mother, passion and doubts.

I like fruit in all stages, they got their own beauty in each one; but I do prefer de mature ones.

Quer tocar?


Quer tocar?

Então toca

Mas toca devagar...

Pode começar.

Toca e faz girar

Toca e faz vibrar

Toca e faz gritar

Toca! mas toca devagar...

Toca célula(r).

Toca e me faz implorar.

Pára!

E volta a começar...

Vai tocar?

Então toca...

Pode tocar!

Desrrecatadar


Que vontade de beber

Que vontade de fumar

De deixar a vontade crescer

De deixar a maquiagem borrar

Vontade de rir debochado

Deixar o decote desleixado

Aumentar o rebolado

De fazer poesia

E de depois rasgar

Vontade de perder o freio

De pintar a unha de vermelho

De expor sem querer o seio

De deixar rolar

Vontade de admitir o erro

Vontade de não me apaixonar

De embelezar o que é feio

De deixar o poema sem rima